O Ministério Público está investigando fraudes em compras de capim para cavalos da PM no Rio de Janeiro. As investigações são motivadas pela citação, num depoimento anexado ao inquérito que apurou as fraudes na saúde, de um dos coronéis presos como envolvido numa das compras suspeitas. De acordo com o relato, o coronel Kleber dos Santos Martins, ex-diretor de Finanças da PM — preso desde 18 de dezembro do ano passado — contratou, no início de 2014, “a empresa Comercial Cedro Ltda. pelo valor unitário de R$ 1,15 (o quilo) do capim”.
Em um depoimento cedido pelo jornal Extra, que foi dado em 10 de março de 2015 por dois representantes da empresa Verdejo Comércio de Forragens Ltda., empresa que perdeu a concorrência e denunciou ao MP que a PM celebrou contratos corrompidos de ilegalidades na compra de capim. Na época, a Verdejo vendia capim à PM pelo preço de R$ 0,39 — três vezes menor do que o oferecido pela Comercial Cedro. Os representantes da empresa alegam que não participaram do novo pregão por não terem sido comunicados de sua existência e afirmam ter alertado o coronel sobre “a prática do menor preço do mercado e a necessidade de um novo pregão”, que não aconteceu. Em fevereiro de 2014, a Comercial Cedro assinou um contrato de R$ 1.298.800,80 com a PM.
No inquérito que investigou desvios no Fuspom, Kleber foi denunciado como um dos chefes da quadrilha. Ele é acusado de ser “responsável pela montagem da estrutura administrativa da organização criminosa”.
Os indícios de irregularidades direcionados à aquisição de capim motivaram a abertura de dois inquéritos a pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco): um na 24ª Promotoria de Investigação Penal, para apurar crimes licitatórios, corrupção e falsidade documental por parte da empresa, e outro na Corregedoria da PM, para investigar crimes militares.
A Comercial Cedro já é alvo de uma investigação do MP desde 2011 justamente por fraudes na venda de capim à PM e por “eventual formação de cartel entre empresas, com vistas à eliminação da concorrência no mercado de fornecimento” da ração para os cavalos da corporação. Essa investigação também foi provocada por denúncias de representantes da Verdejo.
Fonte: Jornal Extra